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Distribuidoras internacionais ignoram vinhos portugueses
António Freitas de Sousa | Diário Económico | 03-12-2007
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A produção nacional está arredada das grandes máquinas globais da distribuição, sector que em Portugal é liderado pelas multinacionais Diageo e Pernod Ricard.

Contam-se pelos dedos de uma das mãos os vinhos portugueses que fazem parte do ‘portfólio’ das duas empresas líderes do mercado da distribuição de bebidas alcoólicas em Portugal, as multinacionais Diageo e Pernod Ricard. As consequências são óbvias: não fazendo parte das grandes estruturas que controlam a distribuição mundial – os dois grupos são sistematicamente os primeiros ou os segundos em quase todos os países europeus, americanos e asiáticos –, os vinhos portugueses não usufruem das sinergias decorrentes dos canais de distribuição bem oleados.

Armando Medeiros, CEO da Pernod Ricard Portugal, do grupo de origem francesa, e número dois do ‘ranking’, é claro sobre a matéria: "integrar vinhos portugueses no 'portfólio' da nossa empresa é muito complexo". O número de marcas existentes no mercado é muito grande, os volumes são reduzidos para uma visão global sobre vendas, e a pulverização de pequenas distribuidoras toma a abordagem ao sector difícil. Acresce a isto o facto de a multinacional preferir vender globalmente as marcas próprias. Mesmo assim, a distribuidora tem quatro vinhos portugueses na carteira de produtos: dois alentejanos (Quinta de Coelheiros e Altas Quintas), um ribatejano (F’iúza) e um Porto (Sandeman). Dela fazem também parte as marcas próprias de bebidas brancas Aldeia Velha, d’Alma e Macieira, que surgem nos mercados internacionais como bebidas tipicamente portuguesas. Armando Medeiros adiantou ao Diário Económico que o grupo quer ainda contar com um vinho do Douro dentro da sua gama.

Já a Diageo, líder do mercado nacional, chegou a ter uma grande exposição aos vinhos portugueses. A partir de 2003, e segundo o CEO da altura, Vítor Centeno, o grupo de origem britânica quis apostar na produção nacional. Mas a estratégia foi alterada e o actual CEO, Pedro Nogueira, pouco tem de português para vender no estrangeiro.

A maior empresa nacional de distribuição surge no terceiro lugar do 'ranking’. É a Prime Drinks, onde a Finagra passou a deter 50% do capital desde a passada semana. A exposição da empresa aos vinhos nacionais é enorme: só a produção da Finagra (Herdade do Esporão, entre outros) e da Aveleda (vinhos verdes) é suficiente para assegurar um 'portfólio' com marcas estrangeiras (Rémy Martin, Absolut e Grant's). A Sogrape, maior grupo nacional de vinhos que tem a sua própria distribuidora, surge a seguir. O lado bom da questão é que estas pequenas empresas chegam com maior facilidade a todo o canal Horeca (hotéis, restaurantes e cafés). De fora fica o desenvolvimento dos canais internacionais e as exportações, que são uma das grandes apostas dos vinhos portugueses.


Os três maiores da distribuição de bebidas

 
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