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Favaíto destronou o rival Martini em mercados nacionais
Luísa Pinto | P2 | Público | 26-04-2009

A marca destronou o rival Martini em mercados nacionais e pesa 42 por cento nas vendas de uma das adegas mais prósperas do Douro.

A história das adegas cooperativas do Douro, a mais antiga região demarcada do mundo, é maioritariamente feita, hoje em dia, de contas desequilibradas e finanças periclitantes. A Adega Cooperativa de Favaios, criada em 1952, é uma das sólidas excepções. Fechou o exercício de 2008 com um volume de negócios de 14,5 milhões de euros. O produto-estrela, responsável por mais de 40 por cento da facturação, é o Favaíto, o moscatel vendido em miniaturas de garrafas, que dá guerra ao líder do mercado dos aperitivos, Martini.

A guerra não está ganha - o grupo Martini-Bacardi tem a liderança incontestada e uma quota de mercado de 56 por cento (contra os 24 por cento assegurados pelo Favaios) - mas há já algumas batalhas em que a vitória cai para a adega duriense.

Na região do Porto e grande Porto, os aperitivos mais vendidos já não têm marca italiana: a Martini-Bacardi vende 36 por cento e o Favaios assegura uma quota maioritária de 43,9 por cento. O mesmo não acontece nas outras regiões monitorizadas pela AC Nielsen. Em todo o Litoral Norte (que exclui a região do Porto), a Martini assegura 72 por cento dos aperitivos vendidos e o Favaios 24 por cento. Na área de Lisboa, o moscatel de Setúbal rouba quota à Martini, que tem 45 por cento do mercado, e o Favaios mantém os mesmos 24 por cento.

Qual é o segredo do Favaíto? Será o preço? Constatamos que uma caixa de 50 garrafinhas de Favaíto fica mais barata cerca de dois euros do que uma caixa de Martini. A resposta rápida dada pelo responsável pelo departamento de produção da adega, Miguel Ferreira, aponta para a qualidade do produto. "É um produto cem por cento natural e cem por cento vinho", diz.

O moscatel de Favaios só tem uvas e aguardente vínica na sua composição. O vermute, como o Martini, é composto por vinho e outros ingredientes, nomeadamente ervas aromáticas.

A qualidade repete-se em cada uma das 15 mil garrafinhas que são produzidas por hora. Das três linhas de enchimento que existem na adega, uma trabalha exclusivamente para as pequenas garrafinhas. A qualidade começa na matéria-prima e na uva, a casta moscatel Galega-Branca. E continua nas instalações do centro de vinificação, construído em 2005 e que significou um investimento de 7,5 milhões de euros.

A fermentação é feita com temperatura controlada e interrompida com a adição de aguardente de forma a obter um vinho com elevado teor alcoólico e açúcar residual. "São 130g de açúcar por litro", explica Miguel Ferreira, acrescentando que este "vinho naturalmente doce" passa depois por um processo de envelhecimento mínimo de dois anos, primeiro em balseiros de carvalho e depois em depósitos de aço inox.

São produzidos 26 milhões de garrafinhas por ano (o recorde está em 2007, ano em que se encheram 28 milhões). Há menos de um mês, foi considerado o quarto melhor vinho do mundo na categoria de licores - o primeiro e o terceiro também levam a marca de Favaios.

Holofotes da Volta a Portugal

A moda destas garrafinhas nasceu em Portugal. Até a Martini teve de se adaptar ao gosto do mercado nacional e vendê-las exclusivamente cá, pelo menos até 2004. As primeiras garrafinhas com o rótulo do Favaíto começaram a ser vendidas em 1995, mas foi em 2001, ano em que a Adega Cooperativa de Favaios patrocinou pela primeira vez a Volta a Portugal [havia de patrocinar, ainda, as duas voltas seguintes], que houve a possibilidade de apresentar o produto e contar a história que, segundo Rui Marques, do departamento financeiro da adega, ajudou a divulgar aquele que é hoje o aperitivo português mais vendido no mercado nacional.

No ano passado venderam-se 6,1 milhões de euros de Favaíto, com a garrafa de 0,75 litros a ganhar alguma quota, a par do crescimento das exportações. O "mercado da saudade", como lhe chamou Rui Marques, faz-se das garrafas de 0,75 litros que são exportadas para França, Suíça, Alemanha e Luxemburgo - os destinos de exportação mais consolidados.

Agora, a direcção da adega elegeu mais dez como prioritários e prepara-se para lançar uma ofensiva, entre outros, em Angola e no Brasil. Rui Marques explica que oito por cento da facturação conseguida em 2008 teve como destino o mercado de exportação. E que o objectivo, "nos próximos dois a três anos, é passar esta margem para 20 por cento".

José Gradim, director comercial da Adega de Favaios, explica que as marcas de Favaios já entraram na Holanda e na Bélgica e que se registou um surpreendente e positivo ingresso no menos óbvio mercado da Polónia [pele menos em termos da comunidade portuguesa], à boleia da Biedronka, rede de distribuição detida pelos portugueses da Jerónimo Martins. "Foi tudo feito através de e-mail, sem contactos privilegiados, mas que acabou com sucesso", explica José Gradim.

À boleia do Maxigrupo, cadeia detida pela Teixeira Duarte, a adega quer dar-se a conhecer ao apetecível mercado angolano. Identificados como interessantes estão também o Brasil, o Reino Unido, Estados Unidos e Canadá, e o mercado escandinavo, com primazia para a Suécia.

"A adega de Favaios não escapou à crise e, nas garrafinhas, estamos a sentir quebras da facturação na ordem dos 20 por cento. Pelo contrário, o Favaíto 0,75 litros cresceu 30 por cento", explica Rui Marques.

No mercado interno continuam a privilegiar-se as garrafinhas, sobretudo consumidas nos cafés e restaurantes. Por isso, a adega quis possibilitar aos consumidores domésticos o acesso a elas, sem a obrigatoriedade de comprar as tradicionais caixas de 50. Nos supermercados já é possível encontrar packs com dez garrafinhas de Favaíto
 
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